Decidi arrumar minhas bagunças, organizar o desorganizado.
Começaria por meu quarto, depois iria ao meu coração e enfim chegaria a minha
cabeça […] Decidi jogar fora tudo que me fazia lembrar coisas
indesejáveis, cd’s de bandas, isso já estava meio retro, roupas que eu não
gostava mais, doei, com os sapatos fiz o mesmo, só restaram tênis que eu era
apagada, e sapatos de festas. Os livros da escola não me serviam
mais, os doei também. Joguei fora todas as fotos antigas, de
pessoas que não estavam presentes em minha vida, de pessoas que não queria que
estivesse em minhas lembranças, mas estavam, no entanto, quando
chegasse a hora da limpeza em minha cabeça, com certeza elas iriam desaparecer
de lá. Aparentemente a bagunça em que meu quarto se encontrava, já havia
sumido, então parti para meu coração e minha cabeça. Talvez seria mais
fácil de limpa-los juntos. Deitei em minha cama e coloquei meus fones de
ouvido, precisava que o mundo desaparecesse para poder
desfazer a minha bagunça. Respirei. Engoli meu choro, e comecei
a pensar no que deveria deixar de lado. Lembranças de um passado feliz
vieram a minha cabeça. Eram uma das lembranças mais lindas que tinha, no
entanto, nada das lembranças havia continuado em minha vida, e elas
então foram excluídas, de minha cabeça e coração. Velhas
paixões, foram esquecidas, as queimei, e elas queimaram
facilmente. Pra minha sorte […] Meu pequeno imperfeito veio a minha mente, não
sabia se o excluía, se o queimava, se o deletava, ele ainda estava presente na
minha vida, em mim… O deixei. Mais para frente faria outra
limpeza, e se ele não estivesse comigo, seria deletado. Coisas boas
tiveram de ser deletadas, excluídas, para meu bem. Meu coração
chorou, gritou, mas minha razão sabia que assim seria melhor, por mais
que doesse, ficar sem certas coisas que nos machucam, seria melhor do que ficar
com elas, mesmo sendo boas, e continuarem a machucar. Essas tal lembranças eram
a forma perfeita de uma rosa com espinhos. Lindas e me faziam felizes,
mas havia espinhos nelas, e eles a fizeram perder todo seu
encanto. Talvez tivesse de ser melhor assim […] Abri meus olhos e vi o
nada a minha frente. A partir daquele momento, começaria algo novo, com algumas
coisas velhas mas, não menos importantes. Algo que iria me fazer
feliz, e disso eu não teria dúvidas.
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